sexta-feira, 22 de junho de 2012

DESCRIÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA E TOMOGRÁFICA DO FÍGADO DE BOA CONSTRICTOR. ARESENTADO EM: I Simpósio Internacional de Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética em Pequenos Animais 2012.

DESCRIÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA E TOMOGRÁFICA DO FÍGADO DE BOA CONSTRICTOR

Rosalia Marina Infiesta Zulim
Felipe Foletto Geller1
Guilherme Schiess Cardoso2
Maria Jaqueline Mamprim3
Carlos Roberto Teixeira4
Rafael Souza Andrade5
Priscila M. Souza1
Diogo Pascoal Rossetti6
Alexandra Tiso Comerlato6
Palavras-chave: Fígado, Tomografia Computadorizada, Ultrassom.

ULTRASOUND AND COMPUTED TOMOGRAPHY DESCRIPTION OF THE LIVER THE BOA CONSTRICTOR

ABSTRACT

Ultrasound is a method for noninvasive diagnosis, their effectiveness in the diagnosis of liver disease has been described in snakes. The liver is the largest organ of the coelomic cavity of reptiles. Elongated and flattened. The caudal vena cava and portal vein divides the body into two lobes. The hepatic parenchyma is homogeneous hypoechoic echogenicity. The objective is to describe and to obtain reference images in the study of liver four snakes of Boa constrictor amarali, through an ultrasound and tomography. Physical restraint made for the ultrasound examination held in prone position, to compare the texture and mark the structures for the slices on CT. A linear multifrequency probe of 6-10 mHz was used. The anesthetic protocol for computed tomography consisted of isoflurane. In helical CT scanner, the animal was positioned in the prone position, and used continuous cross sections of 2 mm by 2. The ultrasound and CT examinations allowed the identification of liver contours as well as the definition and extension of the caudal vena cava and portal vein. Normal pattern recognition of CT aspect of the present study will be of help in the diagnosis of liver diseases in snakes (Boa constrictor amarali).

Keywords: Liver, CT, Ultrasound


INTRODUÇÃO
As jiboias (Boa constrictor) alimentam-se de aves, mamíferos e outros répteis em seu habitat natural, é uma serpente tropical, terrestre e arborícola (1). Por terem um comportamento tranqüilo em cativeiro e padrão estético de alto grau, a procura comercial por esses animais cresceu enormemente, e devido a isto, a necessidade de mais informações em relação a esta espécie tornou-se um imperativo aos profissionais que lidam com o manejo destes animais (2). A ultrassonografia associada à radiografia tornou-se uma importante forma de diagnóstico não invasivo na medicina de repteis. O sucesso da ultrassonografia depende da habilidade e experiência do operador, como o conhecimento da anatomia e processos fisiológicos das espécies examinadas (3). A maioria dos repteis podem ser avaliados apenas com contenção física, em decúbito ventral ou dorsal. Pequenos animais, como serpentes, requerem um equipamento de alta resolução com frequência de 7.5 a 10 MHz (4). O fígado é o maior órgão da cavidade celomática dos répteis, e assim como o pâncreas, secreta enzimas que participam da digestão alimentar, tem aspecto alongado no sentido crânio caudal e achatado dorso ventral. As veias cava caudal e porta estão localizadas no plano dorsal e ventral respectivamente, e percorrem o comprimento do órgão, dividindo-o em dois lobos (5,6). A avaliação do fígado e anexos em serpentes, com auxílio do ultrassom já foi descrito como um método eficiente de diagnóstico em doenças hepáticas (5). Ultrassonograficamente, o fígado localiza-se em plano longitudinal, após o final do terço cranial do animal, caudal ao coração nas serpentes (linha ventro-lateral direita, ou esquerda). O parênquima hepático deve apresentar contornos bem definidos, e ecogenicidade variando entre hipoecóica e levemente hiperecóica, com ecotextura homogênea em toda sua extensão. O vaso hepático pode ser visibilizado percorrendo todo o aspecto medial em plano longitudinal (2). Poucos trabalhos empregaram a tomografia computadorizada na avaliação de serpentes (7), e não foi encontrada referência desta com relação ao fígado, portanto o presente estudo visou descrever a imagem ultrassonográfica e tomográfica do fígado de jiboias (Boa constrictor amarali).

MATERIAL E MÉTODOS
    Foram examinados três animais da espécie Boa constrictor amarali, clinicamente saudáveis, medindo 1,23m, 1,26m e 1,55m, e 5,5cm, 4,2cm e 5,6cm de diâmetro, provindos do CEMPAS – Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestre da UNESP-Botucatu-SP, Brasil. Foi realizada contensão física  e decúbito ventral para avaliação ultrassonográfica dos órgãos e localização do fígado a fim de marcar externamente com uma fita adesiva o órgão em estudo para os cortes na tomografia. Utilizou-se aparelho ultrassonográfico da marca GE modelo Logic 3, transdutor linear de frequência de 6,0-10 mHz. O protocolo anestésico para tomografia computadorizada consistiu em indução e manutenção de plano anestésico com isofluorano. No tomógrafo helicoidal SHIMADZU modelo SCT-7800TC, o animal foi posicionado também em decúbito ventral, e usados cortes transversais contínuos de 2 mm por 2 mm de incremento, com ajuste de120 Kv, 120 mA, 512 X 512 matrix.


RESULTADOS E DISCUSSÃO
    Ultrassonograficamente o fígado apresentou-se alongado, visibilizado no final do terço proximal do animal, com contornos definidos, ecotextura homogênea e hipoecogênica (NETO et al., 2009).  A veia cava caudal e porta  foram identificadas em toda extensão como descrito por Jacobson (2007). O fígado da serpente na tomografia mostrou-se também alongado, fusiforme e dividido em dois lobos distintos. Com relação à atenuação o fígado mostrou-se hipoatenuante ao estômago, enquanto que a veia cava caudal e a porta mostraram-se hiperatenuante quando comparados ao fígado (figura 01b).


 


 
    

Figura 01: A)Imagem ultrassonográfica mostrando o fígado alongado sendo percorrido pelo vaso hepático (seta amarela) em todo aspecto medial do plano longitudinal do órgão. B) Imagem tomográfica transversal demonstrando o fígado, veia cava caudal, veia portal e o estômago.

CONCLUSÃO
    Os exames ultrassonográfico e tomográfico possibilitaram a identificação dos contornos hepáticos, assim como a definição e extensão da veia cava caudal e porta. O reconhecimento de padrões de normalidade e seu aspecto tomográfico encontrados no presente estudo serão de auxilio no diagnóstico de doenças hepáticas em jiboias (Boa constrictor amarali).

REFERÊNCIAS
1.    Martins M, Oliveira ME. Natural history of snakes in forests of the Manaus region, Central Amazonia, Brazil. Herpetol Nat Hist.1998; 6: 78 – 150.
2.    Neto FCP, Guerra PC, Costa FB, Araújo AVC, Bombonato PP, et al. Ultra-sonografia do fígado, aparelho renal e reprodutivo de Jiboia (Boa constrictor). Pesq Vet Bras. 2009; 29: 317-21.
3.    Schildger B, Casares M, Kramer M, Spörle H, Rübel A, Tenhu H, et al. Technique of ultrasonography in lizards, snakes and chelonians. Sem Avian Exotic Pet Med. 1994; 3: 147-55.
4.    Stetter MD. Ultrasonography. In: Mader, D.R. Reptile medicine and surgery. 2° ed. Missouri: Saunders Elsevier Inc, 2006, p.665 -74.
5.    Isaza R, Ackerman N, Schumacher J. Ultrasound-guided percutaneous liver-biopsy in snakes. Vet Radiol Ultrasound. 1993; 34: 452-4.
6.    Jacobson ER. Infections diseases and pathology of reptiles color atlas and text. Florida: CRC Press; 2007.
7.    Banzato T, Russo E, Toma A, Palmisano G, Zotti A. Evaluation of radiographic, computed tomographic, and cadaveric anatomy of the head of Boa constrictor. Am J Vet Res. 2011; 72: 1592-9.